AUTISMO

O DESFIO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

Mural: Profª Elizabeth Garbellini   // Texto: Dr. Fernando Veloso

A Educação Especial é a "modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades, ou superdotação" (...)

O trabalho desse profissional é desafiador, pois tem o compromisso de trabalhar os transtornos gerais do desenvolvimento do autista, seja uma ou mais deficiências, altas habilidades e superdotação, com o objetivo de proporcionar o indivíduo com necessidades especiais e trabalhar suas potencialidades tanto nos aspectos físico, intelectual, social e do trabalho. 

Focando no conhecimento, habilidades e aptidões para a autorrealização do mesmo, porém devemos entender que existe algumas categorias de alunos o qual precisamos colocar em pauta, são elas: educáveis, dependentes e treináveis. 

Os alunos educáveis conseguem se comunicar. Os dependentes são aqueles que necessitam de acompanhamento diário e não possuem autonomia, já os treináveis são alunos de escolas especiais, que tem certas autoomias, porém precisa de ajuda. Cada um destes têm os seus rendimentos escolares abaixo da média. 

"O professor precisa organizar-se com antecedência, planejar com detalhes as atividades e registrar o que deu certo e depois rever de que modo as coisas poderiam ter sido melhores. É preciso olhar para o resultado alcançado e perceber o quanto "todos" os alunos estão se beneficiando das ações educativas." (Minetto. M. F. 2008. p. 101). [...] o termo "integração" é conceituado para caracterizar os movimentos iniciais de defesa de direitos de pessoas com deficiência na ocupação de diferentes espaços na vida social, como a educação, a saúde, o lazer, os esportes. (Fernandes. F, 2006, p. 67)

Vale lembrar que existe uma diferença entre a Educação Especial e Educação Inclusiva. A Educação Inclusiva está ligada a diversidade, o qual entende as dificuldades e necessidades dos alunos e abraça, portando precisamos entender que é para todos. Já a Educação Especial o ensino voltado apenas os alunos que se encaixa previsto na lei, seja na escol especial ou regular.

''(...) no campo da Educacação, a inclusão envolve um processo de reforma e de reestruturação das escolas como um todo, com o objetivo de assegurar que todos os alunos possam ter acesso a todos os gamas de oportunidades educacionais e sociais oferecidas pela escola." (Mittle. Peter, 2000, p. 25) 

"A inclusão exige uma mudança de mentalidade e de valores nos modos de vida e é algo mais profundo do que simples recomendações técnicas, como se fossem receitas". "Requer complexas reflexões de toda a comunidade escolar e humana para admitir que o princípio fundamental da educação inclusiva seja a valorização da diversidade, presente numa comunidade humana." (Strieder e Zimmermann 2000, p. 146)

É muito desafiador o que este profissional enfrenta no seu dia a dia, pois o mesmo tem que elaborar e executar as tarefas planejadas, e o mesmo tem que elaborar relatório pedagógico descrevendo o desenvolvimento de cada aluno; o processo de avaliação analisa o desenvolvimento planejado e que foi trabalhado na revisão do aluno.

O mesmo possui um papel de facilitar o processo de aprendizagem e contribui na evolução dos alunos através do planejamento contínuo e o respeito com eles, o professor de educação especial precisas ter uma boa comunicação com os alunos e principalmente com crianças, ser paciente e empático, ser flexível e dinâmico e ser bastante criativo e ser responsável.

"A articulação entre os educadores é urgente, pois existe a necessidade de uma redefinição do papel do professor e de sua forma de atuar, no pensamento sistêmico. É necessário pensar na aprendizagem como um processo cooperativo e de transformação que proporcione a formação de alunos inseridos no mundo, e não mais em apenas uma comunidade local. Finalmente pensar na Educação em relação aos aspectos da ética, da estética e da política; a educação fundamentada em um ideal democrático." (Farfus. D, 2008; p. 30)

Quando vemos a situação atual, podemos ver muitas crianças tem acesso às escolas e recebem um tratamento caracterizado e percebe a necessidade para seu desempenho, tal inclusão deve ser considerada como uma conquista extraordinária dentro da história, pois demorou, mas chegou e deve ser comemorada todos os dias. 

Sabemos que têm muitas coisas a serem feitas ainda e conquistadas, porém não podemos falar e escrever sobre a Educação Especial sem falar da Inclusiva, há uma necessidade de comprometimento com a diversidade escolar, pois ainda temos muitas resistências e tabus para serem quebrados. 

"Uma das maiores barreiras para se mudar a Educação é a ausência de desafios, ou melhor, a neutralização de todos os desequilíbrios que eles podem provocar na nossa velha forma de ensinar. E, por incrível que pareça, essa neutralização vem do próprio sistema educacional que se propõe a se modificar, que está investindo na inovação, nas  reformas do ensino para melhorar a sua qualidade. Se o momento é o de enfrentar as mudanças provocadas pela inclusão escolar, logo distorcemos o sentido dessa inovação, até mesmo no discurso pedagógico, reduzindoa a um grupo de alunos (no caso as pessoas com deficiência), e continuamos a excluir tantos outros alunos e mesmo a restringir a inserção daqueles com deficiência entre os que conseguem "acompanhar" as suas turmas escolares!" (MONTOAN 2003, p.26)

A sociedade onde vivemos, em especial no país "Brasil", e pregado que o normal é sermos "todos" iguais, mas a discriminação e o preconceito na prática social se encontra ainda em muitos lugares, há uma visão torcida da realidade, pessoas excluídas e jogadas à margem da sociedade, sem mesmo ter uma chance de lutar por seus objetivos tanto para trabalhar e estudar.

TDAH – TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO 

Esse transtorno é de causa genética que aparece na infância e que acompanha o indivíduo por toda a vida, a qual seus sintomas são impulsividade, inquietude e desatenção. Portadores de TDAH são amparados por lei recebendo um tratamento diferenciado na escola.

Comenta que as dificuldades relativas à escola e à aprendizagem, decorrentes do transtorno, tornam-se problema para o portador quando ele depende desses resultados para ter aprovação social e familiar. A autora ainda enfatiza que essas crianças não apresentam comprometimento da sua capacidade intelectual, mas a desatenção e a inquietação se tornam impedimentos importantes para que a aprendizagem ocorra com sucesso. (Ribeiro. V. M, 2013).

Algumas pessoas quando se referem a uma pessoa TDAH, muitos chegam a afirmar que TDAH não existe, chegam até afirmar que é uma "invenção" médica e da indústria farmacêutica para terem lucros com o tratamento. Existem duas categorias sobre esse assunto.

O primeiro são aqueles que quando são questionados sobre o assunto, respondem sobre suas "experiências pessoais", porém esses profissionais nunca publicaram nem um artigo e não fazem parte de algum grupo cientifico. O segundo grupo são os profissionais que querem vender algum tipo de tratamento e que pode se tratar de modo correto. 

"O plano de tratamento e a escolha das técnicas a serem aplicadas devem levar em consideração o prejuízo dos sintomas, as comorbidades, a motivação do paciente e a disposição da família. Assim, apesar da Terapia Cognitivo-Comportamental utilizar um modelo estruturado e focado no problema, é importante que exista a flexibilidade para ajustar o tratamento e o uso das técnicas conforme a realidade do paciente e de sua família." (Lyszkowski & Rohde, 2008).

O TDAH e o transtorno muito comum crianças e adolescente, os quais podem encaminhar para serviços especializados, pois esses transtornos acompanham o indivíduo na vida adulta embora os sintomas de "inquietude sejam mais tranquilos".  

Teixeira escreve sobre as intervenções: "As intervenções psicoeducativas se referem à educação e à aprendizagem de pais, professores e paciente acerca do transtorno, para que possam praticar esttratégias de manejo dos sintomas de modo a promover mudanças na rotina." (Teixeira. G, 2013).  

Porém como podemos saber as causas do TDAH? Quero informar que irei ser bastante objetivo, mas de forma simples, dando exemplos de algumas causas: as hereditariedades, sofrimento fetal, substância ingerida na gravidez e problemas familiares, dentre outros. 

"O TDAH apresenta prejuízos na atenção e no controle de comportamentos impulsivos, que afetam a noção de competência social e de controle da própria vida, e podem gerar pensamentos automáticos, capazes de causar comportamentos mal adaptativos, porém não estão necessariamente ligados a esquemas básicos ou crenças disfuncionais. Neste sentido, a abordagem da terapia cognitivo-comportamental é eficaz ao enfocar o controle e a inibição da impulsividade, gerando ajustes dos processos da atenção assim como do seu direcionamento." (Malloy. Diniz et al., 2011).

TEA – TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA 

É um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento que se afasta do normal "anômalo", os mesmos possuem manifestações de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses.

"De acordo com Orrú: Até 1989, dizia-se, estatisticamente, que a síndrome acometia crianças com idade a cada dez mil nascidas. Manifestava-se, majoritariamente, em indivíduos do sexo masculino, sendo a cada quatro casos confirmados três do sexo masculino e um caso para o feminino." (ORRÚ, 2012, p.23)

A pessoa com autismo tem dificuldade de comunicação, optando pelo uso repetitivo do uso da linguagem e bloqueios para manter um diálogo, com isso as pessoas com autismo não conseguem usar gestos "como apontar para um objeto", dando assim sentido a um diálogo. Eles, com frequência, evitam o contato visual, parecendo desatentos, rudes e desinteressados.  

"A literatura mais recente na área classifica o TEA como um transtorno que possui variações e subdivide estas variações em pelo menos quatro categorias, que variam do grau mais leve (menos comprometido) até o mais alto grau (cujo comprometimento é maior), podendo ser assim divididos: a) Traços de autismo (cujas características são bem leves); b) Síndrome de Asperger (possuem alguns comprometimentos básicos, mas com um nível intelectual e de habilidades importantes); c) Autismo de alto funcionamento (os savant); d) Autismo Clássico (o que apresenta maior comprometimento, inclusive intelectual)." (OLIVEIRA. Maria. 2016. Pag. 13). 

Uma criança autista possui uma serie de limitação e dificuldade de brincar com outras crianças principalmente em grupo, e de identificar a função do brinquedo ou entender a regra do jogo. É bem comum o autista ter sensibilidade à luz, ao barulho, cores vivas e locais com muitas pessoas. Exemplo: "escola".

"Diante das dificuldades de socialização, crianças com TEA têm "pouca curiosidade social e por isso não aprendem a relatar acontecimentos de forma espontânea". Portanto, por não saberem relatar sobre seus acontecimentos diários, não entendem quando são vítimas de agressões físicas ou verbais, e essa falta de entendimento se dá pela incompreensão de não perceber as intenções das pessoas e suas reais ações." (SILVA et al, 2012, p.22). 

Vale lembrar que o autista também possui muitas habilidades, muitas vezes acima da média, em áreas bastante específicas como Arte, Matemática, Música, etc.. Mesmo elas ainda possuem dificuldades que podem proporcionar o espectro tanto no campo motor e comunicacional. 

A pessoa com autismo é afetada em três áreas: socialização, comunicação e comportamento, quando essas não são tratadas pode causar dor no autismo, com o tempo, se não realizadas as terapias devidamente, surgem as irritações gerando as crises nervosas e um incômodo para o indivíduo. 

Muitos especialistas nessa área procuram trabalhar para melhorar a comunicação da pessoa que possui autismo, reforçando o comportamento através do objeto do desejo e com bastantes elogios, trazendo à tona uma comunicação mais ampla por trocas de figuras e bastante afetivo. Oferecendo o recurso e o suporte visual ao autista, lhe proporcionando o mesmo distinguir entre o que precisa e o que deseja. 

Algumas pessoas com autismo podem apresentar interesse em movimentos repetitivos como a rotação da máquina de lavar, as hélices dos ventiladores e as rodas dos carros.

"A criança com TEA precisa ser investigada pelos profissionais de maneira criteriosa, "cada criança tem maior ou menor facilidade com alguma área", e será nesse ponto que os profissionais irão desenvolver sessões à serem trabalhadas com a criança "sempre com o foco em avanços para outras etapas"." (SILVA, 2012, p. 157). 

"A Constituição Federal de 1988 traz, no seu a Art. 205,a seguinte afirmação: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho." (BRASIL, 1988, Art.205)   

Publicado no Folhetim Literário 'Araçatuba e Região' - Edição Nº 38, Abril de 2024, p.63-65.